Transferências tendinosas para o tratamento de roturas maciças postero superiores da coifa: trapézio inferior vs. grande dorsal

João Vasco Sampaio Folhadela Simões, 2021

As roturas maciças póstero-superiores da coifa dos rotadores constituem uma causa importante de disfunção do ombro. O seu tratamento é desafiador, particularmente em doentes jovens com alta demanda funcional. Pretende-se com este trabalho rever as indicações, contraindicações, técnicas e resultados de duas das técnicas descritas: a transferência do grande dorsal e do trapézio inferior.
 
A pesquisa da informação foi realizada nas bases de dados PubMed e Web of Science, com restrição a artigos publicados depois de 2015. Devido à sua particular relevância, alguns artigos com data anterior à definida foram também incluídos.
 
A transferência do grande dorsal foi descrita pela primeira vez por Gerber em 1988, apresentando bons resultados na melhoria da dor e função articular, pela robustez e ampla excursão do músculo que integra.
 
A transferência do trapézio inferior foi descrita mais recentemente por Elhassan em 2016. Esta técnica apresenta potenciais vantagens no restabelecimento da cinética glenoumeral, pois o músculo contrai sinergicamente com os rotadores externos do ombro (função “in-phase”), segundo uma linha de tração semelhante ao infraespinhoso. A colheita do seu tendão é tecnicamente mais fácil e rápida, contudo por apresentar uma excursão mais curta, obriga a completar com um enxerto livre.
 
Em casos selecionados de roturas maciças póstero-superiores da coifa, as transferências tendinosas do grande dorsal ou do trapézio inferior são válidas, apresentando bons resultados funcionais, com melhoria da rotação externa, flexão frontal e abdução. No entanto, diversos fatores devem ser ponderados quanto à escolha da técnica e do tendão, para oferecer ao paciente o melhor outcome.
 
 
Palavras-chave: aloenxerto; autoenxerto; grande dorsal; roturas póstero-superiores da coifa; transferências tendinosas; trapézio inferior.


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